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Tendinopatia tem cura?

Writer: FISIOINTEGRALFISIOINTEGRAL


Não o tendão não está condenado. Sim, o tendão tem cura.

Hoje vamos falar do tendão, de como ele se pode lesionar e de como ele se pode tratar.


O Tendão

O tendão é um tecido conjuntivo que conecta o músculo ao osso, permitindo transformar em movimento a força mecânica produzida por este conjunto.

Assim, toda a força produzida passa, inevitavelmente, pelo tendão. E diferentes tipos de trabalho mecânico sujeitam o tendão a diferentes tipos de esforço e, consequentemente, diferentes tipos de riscos.

Dependendo do tipo de esforço a que são submetidos, da sua posição e função, os tendões têm diferentes formas, constituições (tipos de células) e propriedades (mais ou menos elásticos).

Este complexo jogo de alavancas (biomecânica), que constitui o sistema Neuro-músculo-esquelético, quando desequilibrado ou disfuncional, eleva o risco de lesão para vários tecidos, e um deles é o tendão.

Além da produção ou transmissão de força, o tendão tem também uma função sensoriomotora, uma função de informar o sistema nervoso sobre a posição e relação de comprimento/tensão entre si próprio e músculo. Ele possui recetores sensoriais (p.e. órgãos tendinosos de Golgi) que contribuem para o bom funcionamento e segurança do nosso sistema mecânico.


Tendinopatia

Atualmente, o termo mais consensual e convencionado para a lesão do tendão é Tendinopatia. Este termo engloba 2 outros termos (mais “antigos”) que se utilizavam para definir a lesão do tendão: a Tendinose (desgaste e espessamento do tendão) e a Tendinite (inflamação do tendão). A investigação, foi e vai demonstrando que quando há dor e disfunção do tendão, nem sempre existe um quadro puramente inflamatório, nem uma alteração puramente estrutural. O que se vai verificando é uma “partilha” destas duas condições, que podem ir alternando, de acordo com o estado e causa da disfunção. Desta forma, o termo Tendinopatia, à data, parece ser o mais correto, independentemente de podermos, ainda, encontrar os outros dois termos em livros, ou exames de diagnóstico.

Não podemos esquecer que um exame de diagnóstico, é uma “fotografia” do tendão no momento em que é realizado. Logo, pode encontrar o tendão num estado predominantemente inflamatório, estruturalmente alterado, ou em ambas as situações.


Como se lesiona um Tendão

Um tendão pode lesionar-se de várias formas, envolvendo um espectro multifactorial de causas ou ingredientes para a sua lesão, dor ou disfunção. Em bom rigor, muitas vezes, não é possível apurar qual a verdadeira causa isolada da disfunção tendinosa, gerando, até muita controvérsia e saudáveis discussões à volta do tema.

Contudo, de forma geral e mais comum, o tendão lesiona-se por ser exposto a cargas mecânicas superiores à sua capacidade de as superar (ou dissipar). Ou seja, trabalha mais e de forma mais desvantajosa que aquela que é capaz de suportar. Podemos vê-lo como um trabalhador que trabalha muito intensamente, muitas horas, ou que é colocado numa tarefa para a qual não está preparado. Não obstante, não podemos excluir outros motivos causados por outras doenças sistémicas ou locais, como cancro, doenças autoimunes, ou outras.

Estas cargas podem atingir o Tendão de diferentes formas:

- por trauma direto – numa queda ou lesão desportiva por contacto (“pancada”), onde a agressão direta ao tendão o lesiona;

- por repetição – quando um movimento é realizado muitas vezes e durante muito tempo, sem grande variação, no desporto ou em algumas profissões;

- por carga excessiva – por aplicação de uma carga excessiva, seja ela de tensão (“estiramento”) ou de compressão (“fricção”);

- por desgaste – o envelhecimento normal dos tecidos pode levar a que alguns tendões enfraqueçam e se desgastem com a idade e a sua utilização normal (não quero com isto dizer que idade seja igual a desgaste).

Importa considerar o tendão em toda a sua envolvência e a sua relação com todos os tecidos e sistemas que o influenciam positiva ou negativamente. Ou seja, quando pensamos em tendão, devemos considerar todos os fatores que podem contribuir para a sua lesão: músculos, o sistema nervoso, a fáscia, a postura, o gesto técnico (desportivo ou laboral), hidratação, alimentação, medicação, estado mental e emocional, ou outros.


Tipos de Lesões

Quando lesionado, o tendão pode apresentar diferentes achados.

Rotura – pode ser parcial ou total. Quando as fibras do tendão rompem;

Espessamento – tamanho aumentado do tendão por alteração da sua estrutura;

Degeneração – desgaste do tendão, normalmente com diminuição do seu volume;

Alteração estrutural – mantendo o seu volume, por consecutivos micro-traumatismos, o tendão muda a sua constituição original, perdendo parte das suas propriedades funcionais;

Neovascularização – numa tentativa de regeneração, o organismo produz vasos dentro do tendão e no seu entorno. Perante o insucesso regenerativo, estes vasos tornam-se patológicos e causadores de dor e disfunção. Esta condição só pode ser verificada com recurso à ecografia.


Convém referir que muitas vezes um tendão lesionado pode apresentar mais que um destes achados.


Dor no Tendão

É importante também entender que o tendão pode gerar dor, sem estar estrutural e macroscopicamente alterado ou inflamado, mas pela simples sobrecarga. Os tecidos doem quando estão a funcionar no limiar da sua resistência, ou a trabalhar em condições pouco convenientes para o seu bom desempenho. Nestes casos eles podem doer sem estarem verdadeiramente lesionados, mas pela sobrecarga.


Tendinopatias mais comuns:

Rotuliano – lesão do tendão da parte da frente do joelho, conhecida pelo joelho do saltador, comum nos jogadores de basquetebol e voleibol;

Aquiles – lesão do tendão do calcanhar. Esta lesão pode ocorrer espontaneamente e de forma grave.

Supra-Espinhoso – tendão da região lateral e anterior do ombro, constituindo a lesão mais comum desta região, podendo dar uma típica dor que irradia pelo braço;

Epicôndilo lateral do cotovelo – tendão da região lateral do cotovelo, com alto grau de incapacidade, ocorre, normalmente por uso excessivo, comummente conhecida como epicondilite ou cotovelo do tenista;

Epicôndilo medial do cotovelo – tendão da região de dentro do cotovelo. Embora pouco comum até há bem pouco tempo, a frequente prática de atividades desportivas mais recentes como o Padel e o Cross Fit, contribuiu para um aumento da sua ocorrência actual;

Fáscia plantar – embora não seja um tendão puro, pode ser incluída nas lesões do tendão. É a lesão do tecido que percorre a planta do pé, desde o calcanhar ao dedo grande.


Tratamento

Quando falamos de tratamento, é fundamental considerarmos a causa como alvo de intervenção. Pois à exceção do trauma direto, normalmente, a lesão do tendão é uma lesão secundária, ou seja, é uma consequência de algo que a montante não está bem e que, criando um contexto de risco, causou a lesão do tendão. Logo, o verdadeiro tratamento, terá sempre de incidir sobre os tecidos e os sistemas que estão desregulados (acima referidos neste artigo), essencialmente sobre a esfera funcional e global.

Gosto de dar este exemplo aos meus utentes: a lesão é como ter humidade numa parede, é fácil raspar a humidade e pintar a parede, mas tratar o problema, implica saber de onde vem a água e reparar esse problema. Caso contrário, podemos ter muitos episódios de humidade.

Contudo, o Tendão pode estar estruturalmente lesionado e danificado. Felizmente, as lesões estruturais do tendão, podem hoje ser tratadas de forma muito eficaz. A Evolução do tratamento conservador (Fisioterapia), através de técnicas de Fisioterapia Avançada, permite reparar a lesão do tendão ao nível celular, modificando a sua constituição lesiva, tornando-o mais capaz e funcional. O plano de tratamento personalizado é definido através de uma consulta de avaliação, com recurso a avaliação ecográfica funcional para validar a especificidade e segurança da intervenção.

São exemplo desses técnicas:

- Eletrólise Percutânea – tratamento ecoguiado específico para regeneração do tendão;

- Biorregulação – aplicação subcutânea de um produto biorregulador;

- Neuromodulação – tratamento ecoguiado para regular o funcionamento do sistema nervoso periférico e tecidos por ele inervado;

- Laser – aumenta a disponibilidade energética celular e o poder de regeneração;

- Estimulação eletromagnética – melhoria do metabolismo local e da função celular e molecular.


Na Fisiointegral, através do modelo exclusivo de avaliação e tratamento o TGI – Tratamento Global e Integrado, consideramos qualquer problema e disfunção de forma global, considerando a sua Integração em todo o sistema corporal e o seu comando realizado pelo Cérebro e Mente. Consideramos que uma lesão é uma oportunidade de ficar melhor, através de um processo de correção e transformação positiva, envolvendo todas as componentes Físicas, Mentais e Sociais.

A abordagem terapêutica poderá incluir aspetos como:

- correção postural;

- reeducação funcional (correção dos padrões de movimento);

- ergonomia e correção de gesto técnico (desportivo e laboral);

- ajuste osteoarticular;

- modulação do sistema nervoso;

- terapia manual sobre os tecidos moles contráteis e não contrateis;

- correção alimentar (ajuste alimentar e de suplementos);

- harmonização de hábitos e estilo de vida (sono, atividade física, outros);

- equilíbrio mental e comportamental (meditação, neurofeedback e biofeedback).


Em resumo, a saúde dos nossos tendões depende da saúde do nosso corpo, mais particularmente do nosso sistema biomecânico. O verdadeiro tratamento deve incidir sobre a causa, considerando todos os tecidos e sistemas que influenciam o tendão. Apesar da gravidade da lesão, atualmente existem alternativas de tratamento que permitem restituir a estrutura e funcionalidade ao tendão.


Por Mário Costa - (Diretor Técnico da Fisiointegral, especializado em Fisioterapia Invasiva, Medicina Tradicional Chinesa e Osteoetiopatia)


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