AS 8 COISAS QUE DEVE SABER SOBRE AS DORES DE COSTAS
Updated: Mar 10, 2022


1. A dor de costas é sinal de perigo, está associada a dano tecidular grave e é necessário realizar um exame médico para descobrir a sua causa.
Embora socialmente associada a uma ameaça real e perigosa, a presença de dor de costas raramente é uma condição grave ou que coloque em risco a vida daquele que a experiência [1]. Múltiplos fatores podem contribuir para o aparecimento da dor de costas, sendo que não tem necessariamente de haver dano biológico para que a mesma aconteça. Por exemplo, cerca de 90% a 95% da dor lombar é classificada como não específica, não sendo possível identificar a sua causa [1] [2], como muitas vezes acontece com explicações estruturalistas. A grande maioria dos episódios de dor lombar não específica melhoram dentro de um período de 6 semanas (história natural da dor) [3].
Embora muitas vezes a procura por uma resposta para a causa da dor de costas surja com a realização de um exame imagiológico, a literatura tem apontado para uma quantidade significativa de alterações tecidulares e estruturais nas diferentes componentes da coluna em população assintomática [1] [4] [5]. Estes achados permitem concluir que o resultado imagiológico tende a ser insuficiente para conclusões sobre a causa, ou não, da dor de costas [6] [5] [7].
Experienciar dor não significa necessariamente que exista dano nas diferentes estruturas ou patologia, nem o contrário. A presença de alterações tecidulares como hérnias, roturas meniscais ou dos tendões, desgaste das articulações, entre outros, nem sempre correspondem à presença ou não de dor [4], [8], [9], [10].
2. Envelhecer faz com que se tenha mais dor de costas
“Sabe... isto é tudo culpa da idade...” A associação do avançar da idade com o aumento de dor é uma crença bastante comum na população, assumindo então que a existência de dor é algo normal na sua vida. Experienciar dor é quase inevitável! Estima-se que a grande maioria dos adultos irá experienciar dor lombar em algum momento da sua vida, contudo não tem de surgir meramente porque se está a envelhecer [11] nem têm que ser necessariamente piores à medida que o tempo avança [12]. O que na verdade está relacionado com a idade é o aumento de achados imagiológicos de degeneração da coluna associados à idade [6] , o que não significa necessariamente mais dor [13]. Importante também referir que, além de a idade não ser a causa para mais e para piores dores de costas, tratamentos suportados pela evidência científica podem ajudar em qualquer idade [11].
3. A forma de sentar, levantar, fazer exercícios causa dor de costas
Um dos mitos da dor de costas é a associação da dor de costas à “má” postura durante movimentos como sentar, levantar, pegar em pesos [11]. Na verdade, para além de a coluna ser resistente, robusta e confiável, a sua estrutura permite ter grande mobilidade articular nos diferentes planos de movimento, permitindo-nos dobrar, esticar, rodar e inclinar [14].
Segue-se então a desconstrução deste mito, dividido em diferentes pontos.
Em primeiro lugar, a posição da coluna vertebral durante movimentos de sentar-levantar não consegue predizer o surgimento de dor lombar nem a sua persistência, sendo que a mobilidade da coluna associada à exposição gradual de carga, além de segura, permite potenciar a sua resiliência estrutural [11].
Um estudo realizado em 2021 comparou as diferentes forças exercidas sobre a coluna lombar através de 3 formas de pegar no mesmo peso (Fig.1). Um de forma aleatória, a outra com “as costas direitas” e por fim a dobrar as costas, sem fletir os joelhos. O estudo concluiu que, ao contrário do que popularmente é visto como potencialmente perigoso para a coluna, ou seja, a da coluna dobrada, é aquela que gera menos forças compressivas e totais sobre a coluna lombar [15].
