A Artrite Reumatóide (AR) é uma doença crónica, inflamatória, auto-imune que se caracteriza pela inflamação das articulações e que pode conduzir à destruição do tecido articular e periarticular, mas pode atacar vários órgãos e tecidos do corpo (menos comum). É uma doença crónica, mais incidente na mulher adulta, sem cura, mas com bom prognóstico (vital e funcional), se eficazmente tratada/acompanhada.
Estudos científicos sugerem ainda que a doença seja causada pela interação de fatores de risco, como o tabagismo, com a existência de predisposição genética.
É caraterizada por uma reação inflamatória local e sistémica (em todo o organismo). Este processo traduz-se em edema (inchaço), dor, e, por vezes, rubor (vermelhidão) e aumento da temperatura nas articulações afetadas, gerando incapacidade para as mover corretamente. Para além dos sintomas articulares, também é comum sintomas como o cansaço, febre, suores e perda de peso.
Várias outras doenças acometem as articulações, manifestando-se com quadros de artrite, por isso ser tão importante o diagnóstico diferencial entre elas. Como por exemplo: Lupus; Gota; Osteoartrite; Artrite psoriásica; espondilite anquilosante; entre outras.
Diagnóstico
O Colégio Americano de Reumatologia estabeleceu critérios para o diagnóstico específico de AR. Para se fechar o diagnóstico o paciente precisa ter pelo menos 4 dos 7 critérios abaixo.
- Rigidez matinal: rigidez das articulações ao acordar com duração de pelo menos 1 hora;
- Artrite em pelo menos 3 articulações simultaneamente;
- Artrite de mãos e punhos;
- Artrite simétrica;
- Nódulos subcutâneos;
- Fator reumatóide (FR) positivo em análise de sangue;
- Alterações típicas de AR nas radiografias de mãos e punhos.
Foi, também, descoberto recentemente um anticorpo (anti-CCP) mais específico para a artrite reumatóide que o Fator Reumatóide, sendo que até 95% dos pacientes com resultado positivo têm AR. Estas pequenas vitórias são de enorme importância, pois quanto melhor conhecermos a patologia, melhor a conseguimos controlar e, até mesmo, encontrar uma cura, um dia.
Tratamento
Chegamos ao segmento que mais procuras provoca: tratamento.
Se não tem cura, como podemos tratar?
Tem-se como objetivo:
- Primeiro, controlar a doença no momento (crise aguda de inflamação);
- Segundo, avaliar como a doença se manifesta em cada indivíduo;
- Terceiro, definir um plano de atuação para controlar sintomatologia e desenvolvimento de processos inflamatórios, pois estes podem causar deformações irreversíveis nos tecidos.
Para uma patologia tão complexa como a AR, só uma abordagem multi e interdisciplinar terá o maior sucesso, no controlo da mesma.
O tratamento passa pela:
- Terapia medicamentosa para o controlo dos fatores reumatoides e inflamatórios, como objetivo de travar o desenvolvimento da doença e aliviar a sintomatologia.
- Uma dieta adaptada a esta condição tem um papel importante para evitar agudizações (crises inflamatórias), desde eliminar/diminuir o consumo de alimentos que têm um efeito altamente inflamatório para as articulações, ao consumo efetivo de alimentos que nos proporcionem nutrientes importantes para a boa qualidade dos tecidos articulares e musculares.
- Fisioterapia que tem como objetivo MAIOR a manutenção da função, através da terapia manual e o exercício clínico. O trabalho será feito no sentido de conservar uma boa mobilidade articular e o reforço muscular, usando técnicas/exercícios que vão estimular uma melhor irrigação e nutrição articular, bem como, dos tecidos envolventes (músculos, tendões,…); estimular os músculos para evitar a atrofia e retração muscular, garantindo a manutenção das amplitudes articulares e protegendo as mesmas de tensões e impactos desnecessários
- Terapia ocupacional através da escolha e desenvolvimento de ortoteses, para numa fase mais avançada da doença ou em momentos de crise, as articulações possam ter, um repouso das suas funções, e facilitar/acelerar o processo de auto cura, ou a ajuda das suas funções quando estas já apresentam algum tipo de deformidade que dificulta a sua Acão.
- Psicologia. É imprescindível para uma boa qualidade de vida a aceitação de que se tem uma doença crónica. Aprender estratégias para o fazer, bem como, lidar com momentos de crises ou dificuldades funcionais que possam vir a aparecer, de forma positiva é um trunfo gerir esta orquestra a tempo e horas.
A Artrite Reumatóide é só uma, mas cada indivíduo também, por isso é importante a avaliação integral e personalizada de cada pessoa com este diagnóstico para conseguir, atempadamente, resolver a sintomatologia que se está a desenvolver no momento. E conforme as manifestações vão aparecendo decidir qual a melhor terapêutica ou profissional de saúde que pode resolver essa questão.
Uma escuta ativa do seu corpo, aliada a um profissional (que você defina) como seu gestor de saúde vão ser a chave para um vida plena, mas com AR!
Por Marta Ribeiro - (especializada em Osteopatia, Terapia Sacro-Craniana, Fisioterapia Especializada e Exercício Clínico).
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