
Quantas vezes já ouviu dizer: “estou com dores, mas é normal porque estou com o período”? Com certeza mais do que devia. Mas deixe que lhe diga desde já: as dores menstruais não são normais.
Muitas mulheres vivem com este problema, todos os meses. Dores lancinantes, agonizantes e completamente incapacitantes. E só depois de muitos anos de sofrimento e de muitas tentativas falhadas de convencer alguém de que tinham um problema, se chega a um diagnóstico (quando se chega): ENDOMETRIOSE.
O que é?
Endometriose é quando o endométrio, a parede interna do útero, cresce e se aloca fora dele. Este tecido comporta-se como tecido uterino normal, sendo sensível à variação hormonal normal, desfazendo e sangrando a cada ciclo menstrual. Porém, este sangue não tem por onde ser expelido, provocando inchaço e inflamação nas áreas circundantes. Com o tempo, o tecido cicatricial e as lesões resultantes deste processo acumulam-se, tornando a menstruação cada vez mais difícil de suportar.
Existem três tipos principais de endometriose, de acordo com o local onde o tecido se aloja:
- Lesão peritoneal superficial: a mais comum. As lesões são ao nível do peritoneu, uma membrana serosa que envolve a cavidade pélvica.
- Endometrioma (lesão ovárica): pequenos cistos escuros e cheios de líquido que se formam nos ovários. Não respondem bem aos tratamentos e podem danificar tecido saudável.
- Endometriose profunda: cresce por baixo do peritoneu e pode envolver os órgãos da cavidade abdominal.
Horrível, não acha? E se lhe disser que esta doença afeta cerca de 1 em cada 10 mulheres no mundo inteiro? Uma estimativa aproximada, uma vez que o diagnóstico é extremamente difícil de encontrar. A média de tempo para chegar a um diagnóstico de endometriose ronda os 9 anos.
É importante saber identificar sinais e sintomas, em si ou em quem lhe é mais próximo para que a ajuda chegue a cada vez mais pessoas, cada vez mais cedo.
Sinais e sintomas de endometriose:
- Dor lombar durante a menstruação;
- Dores menstruais severas;
- Dor ao urinar ou evacuar, especialmente durante a menstruação;
- Grande fluxo menstrual;
- Sangue nas fezes ou na urina;
- Diarreia ou obstipação;
- Dor sexual;
- Fadiga persistente;
- Dificuldade em engravidar.
Os tratamentos incluem medicação anti-inflamatória, terapia com hormonas e cirurgia.
O que a fisioterapia pode fazer por si?
A fisioterapia ajuda na gestão da dor e no alívio da tensão muscular e do tecido conjuntivo no local das lesões e respetivo tecido cicatricial.
A endometriose causa lesões, cicatrizes e aderências ao nível da cavidade abdominal e em torno dos órgãos pélvicos. Quando as aderências são repuxadas, a dor aumenta. A fisioterapia ajuda a minimizar este repuxamento, alongando o tecido muscular e fascial do abdómen. A fisioterapeuta pode também ajudá-la em caso de presença de disfunção sexual ou dor na prática sexual, no caso de obstipação ou raquialgias.
Se sofre de menstruações dolorosas e se identifica com este texto, ainda que não tenha um diagnóstico de endometriose, é importante que saiba que a fisioterapia pode ajudar mesmo assim. Com técnicas certas de relaxamento, alongamento, libertação miofascial e exercício, pode regular e apaziguar essa dose mensal de desconforto, potenciando um ciclo menstrual mais tranquilo, estável e confortável.
Para finalizar, deixamos-lhe algumas dicas sobre como aliviar os sintomas da dor menstrual:
- Tome banhos quentes;
- Coloque uma botija de água quente ou emplastro térmico na barriga;
- Faça exercício regular;
- Pratique uma dieta equilibrada e anti-inflamatória.
Lembre-se: DOR MENSTRUAL NUNCA É NORMAL. Peça ajuda. Estamos aqui para o melhor aconselhar!
Por Rita Fernandes - (especializada em Fisioterapia Uroginecológica - Saúde da Mulher).
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